Capitulo 10

a- Ligando Tudo;

b- O Jogo Cósmico;

c- O Karma;

d- Ação na Não-Ação.

Uma vez que no capitulo anterior definimos o Ser Humano, ponto central de nosso estudo, precisamos agora começar a juntar as peças do quebra-cabeça formado pelos diversos assuntos abordados até agora, em todos os capítulos, e tentar formar uma idéia de como tudo isto se encaixa.



Parte a - Ligando Tudo

Recapitulando, já tratamos dos seguintes temas :

1- Principio Shiva-Shakti da criação do Cosmos. A Vontade (Shiva) e o Poder (Shakti), oriundos de Maharabindu (Brahman), vão se desdobrando até formar o Cosmos manifesto, a matéria ao lado da consciência.

2- Este processo de desdobramento é cíclico, retornando a zero e começando em sentido contrário como um pendulo. Os ciclos se chamam Shristi-Pralaya.

3- Todas as Religiões tem um principio básico idêntico chamado de Filosofia Perene, pelo qual tudo é Uno. Não existem coisas separadas em nosso Cosmos, e nós somos parte do próprio Criador. Não há criatura, o Criador está dentro de nós e constitui nossa essência. Mesmo nas religiões monoteístas, seus misticos tendem a este panteísmo.

4- Posto isto, temos poderes ilimitados porém não manifestos, devido a ilusão material formada em parte pela nossa inaptidão em enxergar as coisas como são, e, em parte pelo nosso Ego que nos cega e nos engana para nos proteger (erroneamente).

5- A ciência, em particular a Física, de certa forma corrobora com a esta visão Religiosa da Unicidade do Cosmos e com a visão dos desdobramentos de Shiva-Shakti, através da Teoria das Cordas.

6- A Física Quântica chegou a conclusão de que tudo o que existe no mundo material são ondas, que formam as partículas, que são funções de probabilidades que se interelacionam e que a comunicação entre dois eventos no espaço independe do tempo, ou seja, tudo é Uno e Instantâneo.

7- O Princípio da Incerteza afirma que não se pode determinar simultaneamente a posição e a velocidade de uma partícula.

Nosso mundo não é Cartesiano. (Descartes, filosofo e matemático do século XVII pensava que todo o Cosmos pudesse ser definido matematicamente e com exatidão. A ciência moderna afirma o contrário: Nosso mundo não pode ser definido matematicamente com precisão.)

8- O Físico Neils Bohr formulou a Declaração de Copenhagen : “ O observador afeta o resultado” ou seja, as coisas só se concretizam quando há uma consciência as observando. A observação causa o colapso da função da onda de probabilidades de uma dada partícula.

9- O médico neurologista, Dr. K. Pribran, tem fortes argumentos para acreditar que nossos neurônios agem como antenas receptor-emissoras em suas sinapses dendritícas, colocando-nos em comunicação com algo ainda desconhecido no Cosmos.

10- As teorias psico-biológicas do Dr. Carl Jung sobre Sincronicidade, afirmam que nosso cérebro tem o poder para-psíquico de atrair coincidências em efeitos não causais. Melhor dizendo, podemos influenciar o futuro a nosso favor.

11- A Doutora Candace Pert mostra que nossas emoções são controladas por moléculas de cadeias de aminoácidos chamadas de Peptídeos, que, flutuando na corrente sanguínea, são capazes de afetar nosso sistema imunológico e configuram um sistema de inteligência químico 100 vezes mais poderoso que o nosso cérebro e que está em constante comunicação com os sentidos e com as sinapses dendritícas do cérebro. Ou seja, nossas emoções dependem muito de nossos sentidos e de algo que vem comunicado de fora e captado por nossas mini-antenas denditricas. E elas afetam nosso corpo e nossa saúde. Nossas emoções podem comandar a criação de compostos químicos em nosso corpo e, quem sabe, afetem também o nosso futuro próximo.

12- O Dr. David Bohm, físico e discípulo de Einstein, formulou e demonstrou a teoria das Variáveis Ocultas na Física Quântica que afirma que existe no mínimo uma outra realidade que ele chamou de Ordem Implicada, não perceptível aos nossos sentidos e instrumentos, mas que afetaria a nossa realidade, ou Ordem Explicada. Talvez esta realidade seja o algo com que nossas dendrites sinápticas se comunicam. Mais uma evidência de que tudo se desdobra em nosso Cosmos, e tudo é Uno.

13- O Ocultismo afirma a existência dos 7 Princípios do Homem, nos quais há uma explicação bastante lógica e pratica para a conexão espiritual com o Criador e para a teoria das Monadas de Leibniz.

Posto isto, vamos, com o auxilio do resumo de fatos acima listados, tentar criar uma explicação ou definição plausível para as formulações místicas que conhecemos.

Principio Shiva-Shakti : A Física Quântica, A Teoria da Relatividade e a Teoria das Cordas, dão consistência para a existência de tal Principio de alta freqüência que, desdobrando-se, venha a formar o Cosmos Manifesto. O fato de ser cíclico ainda corrobora com a máxima ocultista “Assim embaixo como encima”, pois todos os fenômenos Físico-Quânticos ou mesmo os mais simples fatos da vida, são cíclicos, vibratórios, ondulatórios.

Principio da Unicidade e da Não Separabilidade do Cosmos: A Teoria das Cordas prova que tudo no nosso Universo é feito de um só componente e formado por uma única rede de eventos. A comunicação entre dois eventos é instantânea. Nada existe em separado.

Mente-Corpo: A Neuropsicologia demonstra que nossas emoções influenciam nosso corpo e vice-versa. Temos imensos poderes para controlar a saúde e até nosso futuro através da mente. A Sincronicidade de Jung nos ensina a controlar e tirar proveito da não-separabilidade do Cosmos.

O Homem é composto basicamente por uma parte material-mental e por uma parte espiritual que é uma faísca de Deus ou do Criador: A segunda é imortal e se reencarna periodicamente na primeira, acumulando aprendizado. Numa visão simplista, é como se fosse um software sendo instalado de máquina em maquina e se auto aprimorando.

Jung, Pert e Pribran detectaram certo nível de comunicação extra corpórea, Bohm e Bohr detectaram influencia entre mente e cosmos, portanto, há algum indicio de uma ligação de caráter espiritual do tipo Kama-Manas-Buhdi.

Variáveis como o spin dos elétrons e freqüência dos fótons têm características de armazenamento de memória compatíveis com a reencarnação, ou seja, um átomo, que é formado de elétrons e prótons, passa de um ser que já morreu para um bebê recém-nascido levando consigo informação armazenada nos seus elétrons. Logicamente estamos falando de certo nível de reencarnação do ser que morreu no novo ser que nasceu. Multiplicando-se por bilhões de átomos e elétrons, tem-se aí uma transferência de memória passada em enormes quantidades. Talvez não aquele tipo clássico de reencarnação de uma alma em um novo corpo, mas certamente uma passagem de informação acumulada em ritmo crescente. É a onisciência do Criador sendo alimentada até se completar assintóticamente no fim do ciclo Shristi.

Podemos imaginar ou deduzir que Brahman realmente criou este “Jogo Cósmico” e ai poderemos nos debruçar para descobrir as regras deste jogo e com isto obter um placar favorável, marcando mais pontos em nossas vidas.



Parte b - O Jogo Cósmico

Vejamos:

Ao que tudo indica o jogo tem como objetivo principal tornar Brahman Onisciente, Onipresente e Onipotente, colocando miríades de seres sentientes perambulando quase que eternamente pelas mais variadas situações e experiências que estes mesmos seres (os seres conscientes ou semi-conscientes) fazem acontecer ou geram através de suas próprias consciências (colapso da função de onda, peptídeos formando compostos comandados por pensamentos).

A única coisa realmente doada por Brahman é a vibração de Maharabindu. O resto cria-se por si próprio, seguindo as regras desta vibração, ou melhor, se distribuindo segundo as leis do Caos e se diversificando cada vez mais. A criatividade é essencial para que Brahman consiga seu intento: Quanto mais se cria, maior será o conhecimento de Brahman.

Então, na verdade, o que precisamos descobrir são as regras desta vibração de Maharabindu.

Ora, sabemos que Maharabindu pisca. Só isto. Ele pisca para manter o equilíbrio do Nada de que proveio. A soma tem que continuar sendo Zero. Quanto mais alta a freqüência desta piscada, mais próximo do equilíbrio de soma zero. Logicamente, com o poder infinito de Brahman ele deve piscar numa freqüência bem próxima de infinito.

É muito provável que as vibrações deste piscar de Maharabindu, sigam a forma senoidal, que é a mais pura e básica forma de vibração, segundo definido pela Matemática (Fig. 10-1). Todas as vibrações senoidais podem ser combinadas em somas de varias vibrações componentes senoidais de freqüências diferentes, chamadas de freqüências harmônicas da freqüência principal. O Matemático Fourier desenvolveu um estudo destas composições de harmônicas que se chamou de “Séries de Fourier”. Nestas Séries, Fourier estabelece equações matemáticas que definem a freqüência das harmônicas e a forma de onda resultante da soma destas harmônicas.

Somando-se muitas ondas senoidais obtém-se uma forma de onda “quadrada”, somando-se outras senóides obtêm-se ondas tipo “serra” e assim por diante poderemos formar infinitas formas somente através de soma de senóides (Fig 10-2).

Em resumo, tudo o que existe no Cosmos Manifesto, provavelmente é resultado da soma de senóides. Só isso. A palavra “só” não é adequada aqui, pois a complexidade desta soma de senóides quase infinita não pode ser definida como “só isso”, é Divina.

Portanto, nós, seres conscientes, devemos ser formados de infinitas senóides se somando e interagindo constantemente, o que vem de ser corroborado pela Teoria das Cordas, onde pequenos anéis vibram em senóides e formam todos os elementos da matéria. O descaimento de Shiva-Shakti em miríades de harmônicas culminando com a criação do Cosmos Manifesto, Os Universos, As Galáxias, Os Sistemas Solares, Os Planetas, Os Seres Vivos e Conscientes, tudo isto representa um aumento de complexidade resultante da diminuição da freqüência. Ou seja, por exemplo, uma freqüência de 1000 se descai em duas de 500, que se descai em 3 de 100 e 4 de 50 que se combinam como harmônicas formado uma nova forma de onda mais “quadrada” que a senóide original. Isto causou um aumento de complexidade (maior numero de componentes), uma perda de suavidade, e uma queda de freqüência. A perda de suavidade decorrente da transformação de uma onda suavemente curva (senóide) para uma onda “quadrada” acabará por fim gerando a Matéria em oposição ao espírito rarefeito e suave.

Mas Brahman está satisfeito ! O seu objetivo de conhecer mais e mais diferentes combinações está sendo cumprido ! Ou, melhor dizendo, novas combinações estão sendo criadas cobrindo cada vez mais todas as alternativas possíveis até o conhecimento total de Brahman, fim do Ciclo de Shristi, e inicio do Ciclo de Pralaya.

Na verdade, para Shristi terminar é preciso que todas estas combinações de alternativas de harmônicas se anulem, acalmando e estabilizando o Cosmos totalmente. Primeiramente elas atingirão um ápice, um apogeu de máxima vibração e complexidade. Em seguida começarão a se anular e cancelar. É como a superfície de um lago após jogarmos uma pedra. No inicio formam-se ondas senoidais partindo do local onde caiu a pedra e depois estas ondas batem na margem e voltam combinando-se entre si, (interferência de onda) até que finalmente tudo se anula e a superfície volta a ter a paz inicial.

O leitor já deve ter percebido que o nosso mundo é uma bagunça, uma desordem criada por Brahman para obter variáveis e conhecê-las. Nós estamos no meio desta desordem divina proposital, (não é uma desordem por descontrole de Brahman, é uma desordem proposital e divina) como protagonistas e, segundo todos os místicos e teólogos, temos a função de, com o auxilio de nossa consciência, observar, conhecer e zerar. Sim ! Nós somos os “Zeradores” do Sistema. Mas temos uma peculiaridade: Não sabemos disso e acabamos por agir no sentido oposto, provocando mais complexidade, que, mais uma vez, também satisfaz a Brahman !

Na verdade temos uma função dupla: Perturbar (criar) e Zerar.

Melhor explicando :

· Nossa consciência tem o poder de criar a realidade manifesta através da observação pura que provoca o colapso da função de onda e diminui enormemente a complexidade do sistema observado pela nossa consciência. Esta observação pura contribui para Zerar eventos. O colapso da função de onda, elimina milhões de probabilidades.

· Mas, se durante a observação, nossa consciência for influenciada por perturbações do Ego, geraremos com isso mais perturbações e complexidade. Nosso Ego é muito criativo. Criaremos milhões de probabilidades.

· Podemos observar com paz ou observar sem paz, gerando complexidade. Quando se observa com alegria, felicidade, jubilo, amor puro, estamos gerando ordem, não perturbações. Se conseguirmos nos estabilizar e não criar mais complexidade, diminuindo a complexidade já criada, através de uma melhor compreensão, o resultado será uma contribuição para a estabilização do Cosmos, rumo ao fim do ciclo Shristi, e, o que é importante, com menos reverberações em nossas vidas, menos eventos ruins, menos experiências desastrosas, menos azar.

· Caso contrário, se, através de pensamentos de nosso Ego, criamos vingança, luta, ódio, tristeza, ira, inveja, medo, ansiedade, etc., aumentamos as vibrações e complexidade do Cosmos. O ciclo Shristi será mais longo e teremos de fazer mais esforço futuro para estabilizar, com conseqüências danosas para o nosso dia-a-dia.

Sabem o que são estes pontos acima ? A Lei do Karma.



Parte c - O Karma

Karma é um principio Hindu, escrito nos Upanishads, em que todo resíduo não material de uma ação egoísta é acumulado como peso a ser ressarcido mais tarde.

Karma é uma espécie de balança cósmica que tende sempre a forçar a volta ao equilíbrio através de contra-ações ou eventos cósmicos.

Estávamos buscando as Regras do Jogo criado por Brahman ?

Pois esta é a única Regra. Este jogo só tem uma Regra !

Se aumentarmos as perturbações, temos que pagar um preço para acalmá-las mais adiante. É só isso.

Analisemos a definição acima: “todo resíduo não material de uma ação egoísta é acumulado como peso a ser ressarcido mais tarde”.

O que é um resíduo não material de uma ação ?

O que é uma ação egoísta ?

Começando pela segunda que é mais fácil: Uma ação egoísta é uma ação tomada pensando-se no individuo como entidade separada do todo cósmico e independente deste. É uma ação que tenta favorecer a este individuo.

O que vem a ser o resíduo não material desta ação ?

Um exemplo será esclarecedor: suponhamos que alguém tomou uma ação para repartir uma herança egoisticamente separando para si a melhor parte. O resíduo material é uma parte boa para esse alguém e uma parte pior para os outros.

O resíduo não material desta ação é o sentimento de vitória desse alguém e o sentimento de derrota dos outros. Este resíduo será acumulado como peso a ser ressarcido mais tarde por essa pessoa.

A regra do Karma é muito simples e é praticamente a síntese de tudo que regula o Cosmos. Toda vez que uma ação tende a ir contra a Unicidade do Cosmos, separando um individuo do resto do Cosmos, gera-se uma tensão, e um potencial se cria.

Um outro exemplo seria: Você já tentou puxar um lençol molhado boiando esticado numa piscina ou num tanque? Tente puxá-lo pelo meio! É extremamente dificil “separar” este meio do lençol da água. Cria-se uma tensão que puxa ele de volta. Isto é o Karma criado ao se tentar “separar” um individuo da Unicidade do Cosmos através de uma ação egoista.

Bem, o Jogo Cósmico tem só esta regra. Uma unica regra.

Melhor ? Não, pior ! Como todas as coisas divinas, esta regra é ao mesmo tempo de uma simplicidade sem par e de uma execução extremamente difícil. Tudo no mundo foi feito para incitá-lo a descumprir esta regra. São milhares de inimigos e vilões !

Citando só alguns deles:

O Ego, os desejos, a ilusão da separabilidade, a inveja, a fome, a dor, a vingança, a raiva, etc.

Os sábios Hindus e Tibetanos dizem que basta apenas um pensamento de raiva ou de vingança para criar perturbações e aumentar o seu Karma. Eles treinam bastante até para evitar pensar em se vingar !

O Karma é uma espécie de conta corrente. Cada vez que você aumenta a perturbação do Cosmos, você fica devendo uma compensação para diminuir a perturbação do Cosmos. Esta conta devedora poderá ser saldada nesta vida ou nas próximas encarnações.

Na verdade, são os seus átomos que ficam devendo. Cria-se uma tensão negativa.

São dois tipos de Karma: Aquele que vem com você desde o nascimento, e aquele que você acumula durante a sua vida.

Alguns aumentam seu Karma durante a vida, outros diminuem. Outros, deixam tudo como estava...

Certa vez, perguntaram a um Mestre Zen, que teve sua vida cheia de revezes, perdeu tudo o que havia construído, desgraças de toda sorte caiam sobre ele:

- Mestre, porque continuas a seguir o Zen tão feliz como se nada houvera acontecido ?

Ele respondeu :

- Porque estou conseguindo amortizar grande parte da minha divida passada !

Pode parecer piegas ou idiotice mas, pense bem: O que mais poderia explicar e acalmar a este homem ? Ele seguia feliz ao invés de seguir se lamentando. E que diferença isso faz ? Faz toda a diferença. Nós somos o que nossa mente acredita que somos.

Cuidado, há uma tênue separação entre o sofrimento devido ao Karma e o sofrimento devido à preguiça ou ao descaso, a vagabundice, etc. Não vamos nos largar a própria sorte e botar toda culpa no Karma.

Cuidado. Não é assim que a regra funciona.

Lembre-se de que a observação pura é que vale para diminuir as vibrações e zerar eventos.

Costuma-se dizer que a pobreza na Índia é devida ao Hinduismo, o que é uma grande mentira. Ela pode ser atribuída a uma falsa interpretação do Hinduísmo, mas, creio que não seja esta a causa principal da pobreza Hindu. Analisando-se a luz da duração imensa de um ciclo Shristi, algumas décadas de pobreza não significam absolutamente nada. Quando muito, podem ser resultado de um Karma coletivo passageiro.

Sim, existem Karmas coletivos. De um bairro, de uma associação, de um grupo de pessoas, de um estado, de um país, de uma raça, de uma empresa, etc.



Parte d - Ação na Não-Ação

Nada melhor para exemplificar o que é este jogo do que o épico hindu “Mahâbhârata” que simboliza a guerra interna que todos nós travamos.

Neste épico, o Principe Arjuna se vê envolvido em uma batalha em que os seus opositores seriam seus melhores amigos do passado. Mas não há alternativa: ou luta e vence, ou se entrega e perde tudo.

No dilema em que se encontra Arjuna, pouco antes do inicio da batalha, ele é auxiliado por Krishna, uma divindade disfarçada de cocheiro de sua carruagem de guerra.

Agora, vamos analisar o que há nesta batalha.

Sabem quem são os antigos amigos de Arjuna, seus atuais adversários?

O seu Ego, Amor-próprio, Interesses pessoais, Desejos de bens materiais, Desejos sentimentais, Lembranças do Passado, Ira, Ciúme, Tristeza, Arrogância, Planos Futuros, entre outros. Todos grandes amigos seus do passado. Um senhor exercito!

Não parece, mas derrotá-los lhe dói muito. Arjuna não quer perdê-los !

E é difícil derrotá-los. Eles se aproveitam de sua amizade e condescendência para com eles. Todos eles já lhe ajudaram e lhe ensinaram no passado. Ele deve muito a eles. Ou pelo menos isto é o que lhe parece.

Uma das únicas maneiras de derrotá-los é esta que Krishna tenta ensinar: Ação na não-ação! Ação desinteressada.

Mas o que isto ? Certamente lendo o épico hindu você terá uma explicação mais completa do que esta que vou tentar lhe passar.

Aconselho a leitura do Bagavat Gita, a parte central do épico “Mahâbhârata”, em que Krishna ensina a Arjuna a arte da “Ação na Não-Ação”.

Ação na Não-Ação. O proprio nome diz que não se deve agir, porém chama a isto de ação. Aparente contradição.

Na verdade, a não-ação, não deixa de ser uma ação.

Vejamos: Alguem lhe faz algo de ruim, te prejudica.

Aplicando a não-ação, voce não reage. Apenas se retira. Não sente raiva e não requer vingança nem troco.

A sua indiferença total, já pode ser chamada de uma ação. Você já causou alguma inquietação no seu agressor. Mas este não é o objetivo principal da não-ação. Não re-agindo, você evitou criar mais Karma, e, ao mesmo tempo, seu cerebro não se contaminou com o sentimento de raiva ou vingança. Certamente o seu cerebro conseguiu se conectar com a não separabilidade do Cosmos e enviou a mensagem sobre a agressão de maneira totalmente isenta de emoção através do abaissement e da sincronicidade. O seu Karma diminuiu pois foi paga uma parcela e, certamente seu agressor aprenderá algo com o episódio. No desenrolar dos eventos nos dias seguintes voce perceberá que só teve a lucrar com a sua não-ação. As coisas darão certo para você.

Nesta descrição simples, quantos inimigos (ex-amigos) do exército opositor você destruiu ?

O seu Ego, Amor-próprio, Interesses pessoais, Ira, Tristeza, Arrogância, entre outros. Todos grandes amigos seus do passado.

Os mestres budistas e os místicos hindus são exímios gladiadores com ação na não-ação. Naturalmente é preciso muito treinamento para dominar esta técnica de ação com desapego total sem cair na insensibilidade ou na preguiça mental, que são outros vilões.

É o desapego responsável. Não confundir com estar alheio ao mundo. Você vai continuar jogando. E vai ganhar o jogo !

Os Mestres Budistas aconselham:

1- NÃO RESISTÊNCIA - Não resista, nem reclame de nada que lhe aconteça nem de nenhuma situação ou doença. Não resista, aceite. Como na musica dos Beatles: "Let it be".

2- NÃO JULGAMENTO - Não julgue nem expresse nenhuma opinião sobre o que acontece. Omita-se!

3- NÃO APEGO - Não se apegue a nada, tudo é passageiro, para que voce precisa ter?


Estas tres atitudes irão ajuda-lo a perceber a impermanência de tudo.

Parece apatia?

No Bagavat Gita, a diferença entre a apatia e a ação na não-ação

é explicada até a exaustão.

No verdadeiro Judaísmo-Cristianismo-Islamismo o perdão funciona no mesmo sentido do desapego.

O desapego ajuda a evitarmos fazer mais vibração e mais complexidade no Cosmos. Ajuda a volta do pendulo de Shristi para a Paz Universal. Evita a criação de mais Karma.

Em minhas palestras eu costumo dar o exemplo de um jogo que se passa entre dois jogadores, dentro de uma piscina.

As regras são as seguintes:

- É preciso que os dois jogadores cheguem ao outro lado da piscina, porém sem fazer ondas.

- Ondas na água fazem ambos retornarem um metro para cada minuto que durarem as ondas.

Muito cuidado e muita calma, paz e serenidade são necessárias para completar o jogo.

As ondas são o nosso Karma, a chegada de ambos ao outro lado da piscina é o fim do ciclo Shristi.

Vejam que o Karma de um dos competidores afeta também o outro.

É assim na vida. Por isso os Santos e Mestres lutam tanto para que todos se acalmem... A nossa piscina da vida tem bilhões de jogadores...

Mas esta regra única do Karma tem muitas ramificações e armadilhas disfarçadas que analisaremos nos próximos capítulos.

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