Capitulo 2 - A Filosofia Perene - A voz das Escrituras


Em busca do Amor eu perambulei longe e vasto,

De pensamento em pensamento e de medo em medo eu fui.

Até a incansavel instancia do orgulho tolo,

Miríades de momentos sem rumos eu gastei,

Até que ví nos olhos daquele que viu

A maravilha da luz do Amor em sua face,

E do seu olhar, tres pistas vislumbrei,

Tres gemas que apontam para nossa suave graça:

- A primeira, é que “Eu” nunca poderei ir lá;

- A seguinte, que o orgulho do Amor deve ser extinto;

- A ultima pista, encontra-se enterrada dentro de mim...

Enquanto “Eu” continue a existir,

O sol que procuro estara sempre encoberto

pelas nevoas de mim mesmo!


Camran Chaichian, poeta Sufí




Ao escolher estudar os Vedas e a Filosofia Hindu, pode parecer que dei preferência a esta religião ou filosofia, em detrimento das demais.
Na verdade, todas as doutrinas e religiões têm em seu núcleo as mesmas assertivas. Afinal, não poderia ser diferente, pois foram místicos videntes que as iniciaram, baseados, muito provavelmente, nas mesmas visões.

A esta essência ou “suco” de todas as religiões, Leibniz chamou de Philosophia Perennis (Fig 2-1) e Aldous Huxley (foto) nos brindou com uma excelente coletânea comentada de escritos dos mais proeminentes religiosos de todos os tempos em todas as culturas e religiões, incluindo as ocidentais ou médio-orientais Judaico-Cristã-Islâmica. Vale a pena ler.

Para ilustrar, reproduzo aqui alguns trechos compilados por Huxley, de escritos místicos e das grandes religiões que mostram o que é o mundo para elas, e como vêem o homem perante Deus.
Sei que alguns leitores começarão a achar este capitulo chato ou religioso demais, mas, peço um voto de confiança e um esforço para lê-lo, pois é de extrema importância para a sedimentação de alguns conceitos.
Outros leitores, mais religiosos ou mais crentes, se deliciarão com o conteúdo.

As máximas a seguir são dos Vedas, Upanishads, Bhagavad Gita, Tao, Cristianismo, Judaísmo, Islamismo, Sufismo e Zen-Budismo.

Um trecho dos VEDAS:
“Brahman... conforme Ele, como Ele brilha é que tudo brilha. Este mundo esta todo iluminado com a sua luz... na frente... atrás, à direita e a esquerda. Esticado abaixo e acima”.


Outro trecho dos UPANISHADS:
“Preenchidas totalmente com Brahman estão as coisas que vemos”,
Preenchidas totalmente com Brahman estão as coisas que não vemos,
De Brahman flui tudo o que existe:De Brahman flui tudo - todavia ele ainda é o mesmo.
OOOOOMMMMMM... ““.
Por estes trechos podemos ver com certa clareza que Brahman permeia a tudo, mas, ao mesmo tempo, ele ainda continua o mesmo, inteiro, sem se alterar. Como é possível? Graças ao truque de pisca-pisca de Mahâbindu descrito anteriormente. Os estudiosos chamam a isto de Panteísmo, ou seja, Deus não está fora do mundo como criador, mas, faz parte do mundo com sua própria essência.

"Existe uma luz que brilha além de todas as coisas na Terra, além dos mais altos céus. É a luz que brilha em teu coração" - Upanishad Chandogya

Mais Upanishads:
" O que não pode ser visto com os olhos, mas pelo qual o olho pode ver? Conheça-o somente como Brahman o espirito e não aquilo que o povo aqui adora."
"O que não pode ser escutado pelo ouvido, mas pelo qual o ouvido escuta? Conheça-o somente como Brahman o espirito e não aquilo que o povo aqui adora."
" O que não pode ser pensado com a mente, mas pelo qual a mente pensa? Conheça-o somente como Brahman o espirito e não aquilo que o povo aqui adora."

Os Vedas já sabiam: Não é possivel ver, ouvir nem pensar no divino usando os nossos sentidos. É preciso se entregar e dissolver os sentidos para senti-lo. "Aquilo que o povo adora..." é a ilusão do ego.

BHAGAVAD GITA

Também chamado de ”Sublime Canção”, “ Cântico de Deus” ou de “Mensagem do Mestre”, o Gitã é uma das obras de importância fundamental no mundo, prezada pelos budistas e venerada como Escritura Sagrada pelos brâmanes Hindus.
Trata da Filosofia Pantajali, Kapila e dos Vedas.

É o trecho central do épico Hindu “Mahâbhârata”.


















Na narrativa do Gitã, a divindade Krishna, disfarçada de cocheiro da carruagem de guerra (simbolicamente o “Eu interior”, a lógica divina) do guerreiro-príncipe Arjuna, conclama-o a lutar contra os seus parentes e ex-amigos (que alegoricamente simbolizam a sua falsa mente, os seus sentidos e ilusões) e explica-lhe a verdade divina. Arjuna se recusa a lutar e matar seus velhos conhecidos. Na ilustração acima vê-se Arjuna segurando Krishna que ataca a um velho amigo seu, tendo ao fundo a sua carruagem com cavalos brancos.

O Gita trata de desmascarar a ilusão do Ego. É muito eficaz nisso.
Um pequeno trecho do Deus Krishna (de pé na carruagem) falando ao Príncipe Arjuna (sentado) sobre a perenidade e unicidade da alma:


“Sabe que o Ser Absoluto, de que todo o Universo tem o seu principio, está em tudo, e é indestrutível.
Ninguém pode causar a destruição desse Imperecível”.

“Sabe, ó príncipe de Pandú, que nunca houve tempo em que não existíssemos eu ou tu, ou qualquer destes príncipes da terra;
Igualmente, nunca virá tempo em que algum de nós deixe de existir”.

Fica claro, na explicação de Krishna, que nossa consciência, parte de Shiva, é imortal.

Notem as mil faces de Krishna nesta soberba ilustração.

Neste maravilhoso épico o leitor encontrará também respostas para todas as suas outras duvidas, que certamente o assolarão durante a sua caminhada para o Conhecimento. A escritora e discípula de Blavatsky, Annie Besant, fornece ainda excelentes interpretações em seu “Bhagavad Gita Comentado”.


TAO

Doutrina filosófica criada ou compilada pelo chinês Lao Tzé, ou Lao Tzu, guardião da biblioteca imperial, para explicar o mundo e orientar as ações dos homens perante aos problemas.
Conta-se que aos 80 anos de idade, ele abandonou a Biblioteca e se dirigiu ao Oeste da China na fronteira com o Tibet, desiludido que estava com os homens pois estes não queriam seguir o caminho da natureza. Um guarda de fronteira, chamado Yin Xi, pediu a Lao que escrevesse seus ensinamentos antes de prosseguir viagem. Ele então compôs em 5 mil caracteres o manuscrito
intitulado "Tao Te Ching" ("O Caminho e seu Poder")

No desenho ao lado vemos Lao Tzé sobre seu touro em sua viagem ao Oeste Chines.

Utiliza o conceito de “caminho” ou Tao para designar nossa passagem pelo mundo e também descrever o nosso Universo e Cosmos.
“O Tao que pode ser nominado não é o verdadeiro Tao”.Lao Tzé quer dizer que não é possível explicar ou descrever com nomes ou palavras a verdadeira essência da vida, é necessário experimentar, vivenciar, ou seja, confirma o objetivo de Brahman: “Não pense apenas, não fale apenas. Viva, experimente!”.






A Palavra, o Simbolo

Abro aqui um parêntesis para entendermos o que é a palavra. Todos concordam que o homem, assim como os animais, viveu muito tempo sem falar. A comunicação naquela época, embora mais primitiva, era mais verdadeira, limitando-se ao essencial, com certeza. A mimica foi inicialmente a única forma de comunicação, junto com gritos e grunhidos.O uso da palavra foi um salto maior do que possa parecer. A palavra só pôde ser usada quando o homem aprendeu a entender um simbolo. Um simbolo é um som ou imagem que transporta o ouvinte para um nível de entendimento a que este som ou imagem esteja conectado previamente, em comum acordo com o resto do grupo. Ou seja, o simbolo pode não ter muito ou nada a ver com o entendimento a que se refere, desde que previamente combinado entre os parceiros, ele irá remeter o ouvinte à compreensão do que se queria comunicar.
É logico e sabido que a etimologia das palavras mostra que elas são símbolos que tinham alguma coisa a ver com o significado a que se propunham comunicar. Mas não deixam de ser símbolos, ou seja, são indicações indiretas da realidade.
Desde o advento das palavras, o homem se distanciou ainda mais da verdade e da realidade das coisas, pois passou a referir-se a elas indiretamente através de símbolos.
Se introduzirmos as frases e os pensamentos “lógicos” então o distanciamento da realidade é ainda maior. Se acrescentarmos o tempo e as conjecturas futuras ou passadas, ai sim, nos perdemos totalmente da realidade.

O Dr. Fred Allan Wolf (foto), Físico Quântico, diz em seu site: “ Eu considero o conhecimento como o entendimento, a manifestação e a percepção de eventos. Em outras palavras enquanto percebemos aprendemos. Antes do conhecimento existe algo chamado consciência pura – ou entendimento-sem-entendimento - pura experiência advinda de uma meditação profunda, sabedoria espiritual, estalo profundo, saber-sem-saber, etc. Possui muitos nomes mas é o Tao que não pode ser pronunciado, o Aleph da Kabala, o estado de Iluminação.

Num estado destes a mente está vazia de conhecimento, mas é capaz de expressar qualquer conhecimento ou aprender qualquer coisa a qualquer instante. É um estado de pura alegria e contentamento sem necessidade de ser acompanhado de nenhuma emoção. Os recém-nascidos estão neste estado até o momento em que seus corpos começam a reclamar de comida para sobreviver. Quando você morrer você vai retornar a este estado. Na verdade você esteve sempre neste estado sem saber, porque você estava sempre preocupado em aprender e entender.

Continua Lao Tzé:
“Ao procurar água, fique perto da terra.
Ao pensar, se limite ao simples.
Em conflito, seja justo e generoso.
Ao governar, não tente controlar.
No trabalho, faça o que gosta.
Na vida em família, seja completamente presente".

Tzé orienta a viver o simples agora, sem conjecturas futuras ou passadas, no sentido de provar e degustar o momento, o que é o objetivo de Brahman.
É especial o conselho: “...ao governar não tente controlar...”, que segundo as mais modernas e revolucionarias técnicas de administração, criadas na Industria automobilística e eletrônica do Japão dos anos 60, diz o seguinte:
É mais eficaz mudar um processo, estabelecer um novo processo, do que tentar controlar as pessoas pela força, sem alterar o processo. O controle se fará naturalmente com o novo processo de trabalho.

O clássico exemplo do Dr. Edward Deming, (foto) mentor da revolução industrial Japonesa dos anos 60, em que ele colocava 30 bolinhas vermelhas e 70 bolinhas brancas num saco e pedia para alguém da platéia sortear somente bolas brancas. Cada vez que se sorteava um bola vermelha ele se zangava muito, ao que o voluntário da platéia retrucava : Mas foi o senhor que colocou 30 bolinhas vermelhas no saco ! Porque se zanga tanto ?
O Dr. Deming retrucava: “ Mas é isso que você faz na sua empresa ! Só sabe se zangar !” (ao invés de retirar as bolinhas vermelhas...)

Isto é o Tao ! É enxergar a verdade do processo!


No verso numero 11 Lao Tzé mostra como o espiritual esta presente no material:

“30 raios compartilham o mancal da roda;
É o orifício central que torna útil a roda.
Molde o barro em forma de pote;
É o espaço interno que torna útil o pote.
Corte janelas e portas na parede do quarto;São os vazios que fazem as janelas e portas úteis.
Portanto, o lucro vem do que esta lá;
A utilidade vem do que não esta lá.”

Neste verso magistral, Tzé procura dar ao leitor uma idéia sobre a ilusão da rigidez da matéria e sua inutilidade, ao mesmo tempo que mostra a enorme significância e riqueza do vazio, do nulo.

“Deus fez o mundo a partir do nada, mas o nada transparece, as vezes.”

CRISTIANÍSMO

Cristo
“Bem aventurados os puros de coração porque eles verão a Deus”.
“Vinde a mim as criancinhas, pois delas será o reino dos céus”.
“Ofereça a outra face”.
"Ame ao próximo como a si mesmo".
“Senhor, perdoai-os, eles não sabem o que fazem”.

Cristo parece indicar que devemos evitar as falsas emoções, ser como criancinhas, abdicar do intelecto, ser puros de pensamento, não revidar. Porém, ele percebe que não estamos totalmente preparados para entender estas regras e pede tempo ao Senhor.

Meister Eckhart (1260-1327) - Místico Cristão.
“O Homem tem muitas peles em si mesmo, que lhe cobrem as profundezas do coração. O homem conhece tantas coisas, mas não conhece a si mesmo. Ora, trinta ou quarenta peles ou couros, inteiramente semelhantes aos de um boi ou de um urso, igualmente grossos e duros, recobrem a alma. Penetre no seu próprio fundamento e aprenda ali a conhecer-se”.

Eckhart fala sobre as mascaras do nosso Ego, que encobrem a verdade divina, verdade esta que já está dentro de cada individuo.

Eckhart continua:“O conhecedor e o conhecido são um só. As pessoas simples imaginam que devem ver a Deus, como se ele estivesse ali e eles aqui. As coisas não são assim. Deus e eu somos um no conhecimento”.

Mais uma vez a unicidade do Cosmos e o Deus interior é explicado.

Eckhart, com suas verdades mistico-cristãs passou 5 séculos condenado pela Igreja e só foi aceito novamente no século passado (sic).

Santa Catarina de Siena (1347 - 1380) Toscana - Italia

“Tu és o que não é. Eu sou o que sou. Se perceberes essa verdade em tua alma, o inimigo nunca te enganará; escaparás a todas as suas armadilhas”.
Catarina diz que o que pensamos ser é ilusão. Uma vez descoberta a ilusão, nos tornamos muito poderosos.

Embora analfabeta, Catarina ditou mais de 300 cartas endereçadas a todo o tipo de pessoas, desde papas, aos reis e líderes, como também ao povo humilde, onde lutava pela unificação da Igreja e a pacificação dos Estados Papais. Uma das suas obras ditadas, Diálogo sobre a Divina Providência, é um livro ainda hoje considerado um dos maiores testemunhos do misticismo cristão e uma exposição clara de suas ideias teológicas e de sua mística. Em 1970, o Papa Paulo VI declarou-a Doutora da Igreja, sendo a única leiga a obter esta distinção. O Papa João Paulo II declarou-a co-padroeira da Europa, juntamente com Santa Brígida da Suécia e Santa Teresa Benedita da Cruz.

Santa Catarina de Gênova (1447 - 1510)
“O meu Eu é Deus, nem eu reconheço outro Eu que não seja meu Próprio Deus”.
Mais uma vez se afirma que nós somos Deus, temos um Deus dentro de nós.

SUFÍSMO
Bayazid de Bastam (875 DC)
“Fui de Deus a Deus, até que eles gritaram de mim em mim: ‘ Ó Tu Eu!’”.
Bayazid confirma que somos o próprio Deus.

"Estive com os pios e nenhum progresso consegui, estive com os guerreiros e nenhum progresso consegui. Gritei então: "Alá, qual o caminho até tu?" E Alá me disse: "Abandones a tí e venha!""

Camran Chaichian, poeta Sufí

Em busca do Amor eu perambulei longe e vasto,

De pensamento em pensamento e de medo em medo eu fui.

Até a incansavel instancia do orgulho tolo,

Miríades de momentos sem rumos eu gastei,

Até que ví nos olhos daquele que viu

A maravilha da luz do Amor em sua face,

E do seu olhar, tres pistas vislumbrei,

Tres gemas que apontam para nossa suave graça:

- A primeira, é que “Eu” nunca poderei ir lá;

- A seguinte, que o orgulho do Amor deve ser extinto;

- A ultima pista, encontra-se enterrada dentro de mim...

Enquanto “Eu” continue a existir,

O sol que procuro estara encoberto pelas nevoas de mim mesmo!




Neste lindo poema, Camran mostra que é preciso antes de tudo parar de pensar em si como algo separado do resto, é preciso que "EU" deixe de existir para vislumbrarmos Deus.


Aforismo Sufí
“Quando o coração chora o que perdeu, o espírito ri-se com o que achou.”
As emoções nos enganam, porém muito nos ensinam. Formam parte da didática Divina.

Djalal al-Din Rumi
“Por que disseste: ‘ Tenho pecado tanto, e Deus, em sua misericórdia, não puniu meus pecados’?
Quantas vezes te golpeio sem que saibas !”
...
Djalal mostra que o pecador (ignorante da verdade divina) está tão distante da verdade que nem percebe que está sendo punido. Ilusão total.


ISLAMÍSMO
Kabir
“Benares fica a leste, Meca fica a oeste: explora, porém, o teu próprio coração, pois lá estão ambos, Ram e Alá.”
“Contempla apenas Uma em todas as coisas: a segunda é que te extravia.”
Kabir também confirma que somos o próprio Deus e que ele habita o nosso coração. Fala também na unicidade do Cosmos.

JUDAÍSMO
Isaías 1, 16
Lavai-vos e purificai-vos; tirai a maldade de vossos atos !
Cessai de fazer o mal e aprendei a fazer o bem.

Salmo 139
Para onde me irei do teu espírito ?
Para onde fugirei da tua presença ?
Se subo aos céus, aí estás; se fizer meu leito nas profundezas, ali também estás.
Se tomar as asas da manhã e partir rumo aos limites mais remotos do mar, ainda ali a tua mão me guiará, e tua mão destra me sustentará.
Se eu disser: “ É certo que as trevas me encobrirão, e a luz que me cerca se tornará noite”, nem as trevas são escuras para ti; pois as trevas e a luz são para ti a mesma coisa.
Salmo 37
Não te indignes com teus malfeitores, nem invejes os que praticam iniqüidades, pois eles cedo serão ceifados como erva e murcharão como pasto. Confia no Senhor e fazei o bem; habita a terra e vive tranqüilo.
Deleita-te no Senhor e Ele te concederá os desejos do teu coração.

Os profetas judeus estão ensinando o povo a acalmar-se, purificar-se de maus pensamentos, não ser vingativo, ou seja, diminuir as vibrações.
Também se mostra claramente a onipresença divina simbolizando o Deus interior e a unicidade do cosmos.


ZEN-BUDISMO

Um poema Haiku, de Basho (Japão 1644-1694) (desenho), o grande poeta Zen, diz tudo na tradução de Allan Watts:
“Um velho poço,
a rã pula dentro –
plóp.”

É Brahman saciando a sua sede de conhecer tudo ! É a realidade pura e simples. Com a onomatopéia “plóp”, Basho captura o momento em toda a sua plenitude. O Zen é a doutrina do momento, do agora.

Basho aconselha: "Não siga as pegadas dos Mestres, siga o que eles seguiam."

Em suma, todas as doutrinas religiosas, em sua filosofia esotérica, tratam de guiar-nos sobre as regras do sistema para experienciarmos o conhecimento no menor tempo e alertam para se evitar a ilusão causada pelos sentidos, pelos nomes, pelas palavras e pelas emoções. As regras parecem indicar que quanto menor a vibração melhor, ou seja, quanto menos reagimos às falsas emoções mais rápido captaremos as verdadeiras emoções do conhecimento necessário. - Plóp !
O Zen acrescenta também, a seguir, que nós somos Deuses, imortais faíscas de Brahman, e que temos de nos soltar ao desconhecido, sem medo, para provar da experiência, do conhecimento.

Chuang Tzu, o sábio chinês contemporâneo de Lao Tzé e de Confúcio, (cerca de 400 ac.) nos diz para vagarmos livres pelo mundo.

“Não sejas a corporificação da fama;
não sejas um depósito de maneirismos;
não sejas um fazedor de projetos;
não sejas o dono do saber.
Vagues por onde não há trilhas.
Agarra-te a tudo que receberes dos céus, mas não consideres que recebestes coisa alguma.
Sejas vazio, isto é tudo.
O homem perfeito usa a sua mente como um espelho – nada perseguindo, a nada dando boas vindas. Respondendo, mas não guardando.”

Alias, Chuang Tzu foi o primeiro anarquista e acreditava que as coisas não precisavam de ordem nem de governança, tudo daria certo no final. Seus livros tinham sempre humor e tiradas interessantes. Vejam esta:
















"Certa vez eu sonhei que era uma borboleta.

E de repente, eu acordei...

Agora eu não sei se eu era certa vez um homem sonhando que era uma borboleta

Ou se agora eu sou uma borboleta sonhando que sou um homem..."

Chuang Tzu




As filosofias Orientais parecem ser mais claras e diretas que as Ocidentais quando se trata da explicação do nosso mundo, mas, na verdade, como vimos pela pequena amostra acima, a Filosofia Judaico-Cristã do Velho e do Novo Testamento, a Sufi e a Islâmica também nos guiam da mesma maneira e na mesma direção, embora sendo Monoteístas (crêem num Deus criador único e externo ao mundo) e não Panteístas(crêem que tudo é parte de Deus, inclusive as pessoas e animais, e portanto permitem a adoração de qualquer objeto com a finalidade de se atingir a verdade).

O que se percebe nos misticos das religiões monoteístas é que eles interpretam o Deus único de uma maneira a considera-lo também onipresente como no Panteísmo, o que nos leva a um passo a mais na unificação de todas as religiões na Philosophia Perennis.

Em resumo, a Philosophia Perennis, nos fornece 3 pistas para encontrarmos o fio da meada e conseguirmos atingir a compreensão e o conhecimento mais rápido:



1- Nós somos uma faísca de Deus e, portanto, somos Deus e temos todos poder. Basta saber como acioná-lo.

2- Tudo no Cosmos é Uno, isto é, tudo está interligado, não existem indivíduos separados ou coisas separadas. Tudo influi em tudo. A separabilidade é uma ilusão.

3- Os nossos sentidos mentem ou são ilusões. São como barreiras que impedem de enxergarmos a verdade divina do Cosmos, sua lógica e suas regras. São barreiras para impedir de usufruirmos os poderes divinos (1) de que dispomos.


Esta barreira tem o objetivo formulado por Brahman de que experimentemos o mais possível.
A Philosophia Perennis, “suco” de todas as religiões, nos fornece as seguintes recomendações para nos desvencilharmos destas barreiras ilusórias:

a- Perder o medo de experimentar, viver, arriscar. Se “jogar” sem calcular onde iremos cair. (Não tente fazer isso sozinho...)

b- Treinar para não se deixar levar pelas emoções nem pelos sentidos. Existem varias técnicas para isto, em todas as religiões. Aviso: Este treinamento levará alguns anos, com certeza.

c- Considerar o seu inimigo como sendo você mesmo. Afinal tudo é Uno. Na lógica divina não há inimigos, há diversidade.


Para estragar a festa, sempre tem uma dificuldade a mais no jogo:
- O que é bom para o Plano Divino (ideação de Shiva) nem sempre é bom para o individuo, em sua estada como ponta de prova, neste Universo.
Ou seja, podem acontecer fatos ou eventos que pareçam castigo ou má recompensa pelos nossos atos aparentemente corretos.
Muitas vezes os bons ficam doentes e os maus saem vitoriosos, os bons vão a falência e os maus ficam ricos, etc.

Como já frisamos, a lógica divina é diferente da lógica humana.
O Plano Divino, como todo Plano Mestre, ( lembre-se : Assim embaixo como encima) contém informação de uma visão mais ampla do que o Plano do Individuo, ou o Plano de uma Etapa do trabalho.

Muitas vezes é necessário algo aparentemente sem lógica ou sem moral aos nossos olhos, para completar o Plano Divino. Paciência, se você for o escolhido para sofrer... Mas, o treinamento sugerido acima o ajudará muito a viver e sobreviver, mesmo nestas condições adversas. Veremos adiante a Lei do Karma que irá colocar alguma luz sobre o assunto.




Notas:
(1) Para os mais céticos, que se recusam a aceitar o conceito de “Poderes Divinos”, sugiro substituir por Poderes de Alta-Complexidade Cósmica. Estou convencido de que, no futuro, se houver alguma definição científica para Deus, está será na linha da Altíssima Complexidade. Deus é divino, simplesmente porque é tão complexo que se torna divino.

















Fig 2-1 As religiões divergem em sua forma exotérica, litúrgica, rituais, explicações populares, crenças, etc. Mas todas convergem para a Philosophia Perennis em sua essência esotérica.




4 comentários:

Anônimo disse...

Amei o blog! Alto nível, parabéns!

Boris disse...

Obrigado Rosemary!

Anônimo disse...

Gratidão por compartilhar seu conhecimento.

Unknown disse...

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