Capitulo 6 - Provas, Deduções e Constatações


Voltemos a falar do átomo, dos elétrons malucos, e do observador que influencia o resultado.

No momento em que Niels Bohr (foto ao lado) demonstrou, em 1927, através da “Interpretação de Copenhagen”, que o observador influi no resultado, o mundo científico se dividiu em 3 espécies de cientistas.

- Os que aceitaram as novidades como bem-vindas e se puseram a pesquisar mais sobre elas.

- Os que simplesmente pegaram as fórmulas e começaram a usá-las sem se importar muito com a profundidade da mudança conceitual do mundo em que vivemos.

- Os que, entendendo a profundidade das mudanças conceituais desta teoria, e, sendo reducionistas convictos, não a aceitaram, e se propuseram a derrubá-la através de experiências especialmente elaboradas para testá-la.

Albert Einstein, amigo de Bohr, estava entre os lideres que se propuseram a derrubar esta teoria. Eles não aceitavam que a natureza não tivesse uma causa, que tudo se resolvesse na sorte, sem causa aparente. Que mundos paralelos existissem enquanto não estávamos olhando. Que as partículas agissem como se “soubessem” as condições da experiência.

Ele passou cerca de 30 anos propondo experiências e testes que derrubassem a teoria. Perdeu todas. Nas correspondências entre os dois, Bohr sempre conseguia provar que a experiência era falsa. No entanto, eram experiências teóricas, e nenhuma experiência prática havia sido proposta ou realizada até então.

Após a morte de Einstein na década de 50, passaram-se mais 20 anos de tentativas até que uma experiência prática foi proposta e, finalmente, em 1982 em Paris, Alan Aspect realizou a experiência que praticamente pôs fim a dúvida. Einstein perdeu. A Física Quântica e a Interpretação de Copenhagen provaram-se vitoriosas.

A experiência proposta, pode ser descrita, de maneira muito simplificada para leigos, como sendo a seguinte:

Partindo-se da regra de que se duas partículas se chocam, logo após o choque, uma sai girando para um lado e a outra sai girando para o outro lado oposto. Diz-se que a soma dos giros tem que ser zero, ou seja, se uma gira para o sentido horário +1 a outra tem que girar no sentido anti-horário –1. Os cientistas chamam o giro de "Spin", há o spin +1 e o spin -1.

Sabemos que até alguém olhar, estas partículas são fantasmas e não são só duas, são muitas probabilidades de pares de partículas, mas, no momento que olharmos para uma delas, imediatamente saberemos para onde a outra (o par) está girando, se a Interpretação de Copenhagen estiver certa. Ou seja, o observador, através da observação do giro (spin) de uma das partículas, precipitou o colapso da função de onda daquela partícula. Ele escolheu um dentre os muitos fantasmas daquela partícula, e portanto ele também deve ter escolhido o fantasma-par desta partícula que é a outra partícula, girando (spin) em sentido contrário à primeira.

Se separarmos as duas partículas a uma distância tal, que seria impossível a um Fóton ir de uma a outra antes de sabermos o resultado, impediremos assim qualquer comunicação possível entre elas. Pelo menos pela Teoria da Relatividade não pode haver velocidade superior a de um Fóton de luz.

Pois bem, isto foi feito e o resultado foi que ao olharmos para uma das partículas do par, a outra imediatamente se identifica com o giro (spin) contrário, confirmando a teoria Quântica toda vez que repetimos a experiência e vencendo a barreira da velocidade da luz pela transmissão da informação de uma para outra. O colapso da função de onda faz desaparecer todas as probabilidades dos outros pares de partículas, exceto do par que se tornou real. O observador realmente influenciou o resultado !

Mais ainda, o fato da partícula se “lembrar” da colisão com outra partícula, faz-nos pensar que a memória do Universo está de certa forma gravada em todas as partículas. Quantos átomos do meu corpo já colidiram com outras partículas de outros seres humanos ? Toda essa memória facilita a compreensão de algo parecido com reencarnação ? Pensem bem. Pode ser uma pista.

Este resultado faria com que Einstein mudasse a sua concepção da natureza em um ponto que ele considerava essencial. Nós podemos agora dizer que a não-separabilidade do Cosmos é o conceito físico mais concreto da atualidade. Tudo é Uno como diziam os místicos há milênios !

Talvez você deva estar se perguntando sobre duas coisas que não parecem se encaixar nestas explicações:

1- Como é que o fato de haver um observador afeta o resultado e faz ocorrer o colapso da função de onda, escolhendo um entre os possíveis elétrons-fantasmas e eliminando todos os outros ? O que o observador, o ato de observar, causa que engatilha o colapso ?

2- Porque vivemos na ilusão ? Porque estas coisas não aparecem na nossa vida do dia-a-dia ? O que causa esta aparente ilusão ?

Espero que você tenha somente estas duas duvidas por enquanto! Vamos examinar a primeira questão.

O ato de observar é invasivo. O olho humano ou qualquer instrumento que observe alguma coisa e passe informação ao olho, ou à mente humana, tem que “tocar” no objeto observado.

Nosso olho somente consegue “ver” alguma coisa através da absorção de fótons pela retina. Estes fótons trazem a informação do objeto sobre o qual eles se refletiram (tocaram, colidiram) por último. Trazem varias informações tais como posição, cor, textura e até uma indicação de temperatura.

Nossos outros sentidos, tais como o tato, a audição, o gosto ou o olfato recebem também informação através do toque direto, de partículas ou ondas que se refletiram sobre o objeto. Não existe observação livre de toque! O método mais usado por nós na natureza é o Fóton. Pelo Fóton se pode observar o mundo. Pesquisas recentes indicam que o sexto sentido, seja ele telepático ou de outro tipo sensorial certamente se utiliza de ondas eletromagnéticas de freqüência muito alta, ou seja, também usa o Fóton, só que diretamente no cérebro. A Intuição, muito provavelmente se utiliza da não-separabilidade do Cosmos, "tocando" o que se intui.

Provavelmente, o Fóton que bate em um dos pacotes de onda engarrafados-fantasmas, e vai dar em nosso olho, escolhe aquela partícula como “real” e destrói as outras probabilidades. A nossa mente (consciência) deve ter um papel fundamental nesse processo, pois os outros fótons que bateram nos pacotes e não foram dar em nenhum olho, não afetaram a função de onda, continuam fantasmas de múltiplas probabilidades. O que a consciência, ou seja, o fato de nosso olho haver recebido o impacto deste Fóton, o nervo ocular haver transportado este sinal elétrico até nosso cérebro, que o processou e tornou consciente para nosso ser, tem a ver com o colapso da função de onda da partícula que havia se chocado com o Fóton antes deles entrar no nosso olho? É difícil explicar, mas talvez tenha muito a ver com a não separabilidade do Cosmos e com algo parecido à Consciência de Shiva. Aqui a Física, a Psicologia, a Neurologia e o Misticismo se encontram, e a ciência está bem perto de decifrar o enigma. No próximo capitulo entramos um pouco na nova ciência: A Neuropsicologia, que estuda a interação entre a Química Orgânica e a Psicologia.

Respondendo à segunda pergunta, podemos dizer que as probabilidades da função de onda têm sempre um pico, ou seja, tem um determinado fantasma que é o preferido e mais provável de acontecer, de se concretizar, quando o Fóton do observador chegar. A Fig 6-1 abaixo mostra a função de onda de um átomo de Hidrogênio. Há vários picos de probabilidades.

Este evento mais provável corresponde ao nosso mundo normal, como vemos todos os dias. As outras probabilidades são muito difíceis de acontecer, como se fôssemos ganhar na loteria 1000 vezes seguidas, ou seja, nunca acontecem (será ?).

Além disso, estamos falando de um átomo, enquanto que no mundo do dia-a-dia são bilhões e quaquilhões de átomos que na somatória final acabam agindo sempre da mesma forma, mesmo que um ou outro seja rebelde, dando esta ilusão de ordem e estabilidade do mundo.

Resumindo, o mundo microscópico é um mundo caótico, bizarro e instável, mas quando todas estas trajetórias caóticas se somam resultam numa estabilidade aparente. Seria quase impossível que bilhões de átomos sofressem um colapso da função de onda em uma probabilidade baixa ao mesmo tempo, ou seja, mesmo que alguns átomos ou elétrons ou fótons acertem na loteria, seu numero com certeza seria proporcional a probabilidade (pequeno) e, portanto o mundo como o vemos, ainda assim seria estável.

O efeito de Maya dos Budistas, diz exatamente isto quando prega que nossos sentidos são enganados com o intuito de encobrir as verdadeiras regras do jogo da vida.

O fato é que, se basearmos nossas ações nesta aparente “ordem” ilusória, fatalmente tomaremos decisões erradas. Vimos também que a mente e a consciência humanas tem um papel fundamental em comandar este caos e torná-lo menos caótico, em nosso proveito.

A não-separabilidade nos indica que estamos interligados a tudo no Cosmos, e, portanto, reside aí uma enorme chance de consultar esta infinita biblioteca cosmológica antes de tomar uma decisão, certo ?

Como vimos pela experiência de Paris, todas as partículas tem uma memória, e, se conseguirmos consultar esta memória teremos poderes praticamente infinitos. Vale a pena tentar aprender como fazer isso !

O instrumento básico de que dispomos é o nosso cérebro e a nossa mente. Restar-nos entender um pouco mais o seu funcionamento.

É o que veremos adiante, sempre comparando o Misticismo, a Filosofia Oriental, a Filosofia Perene, com o que a ciência do século 20 descobriu.

2 comentários:

Anônimo disse...

Sugiro a leitura de Janela Visionária e Fisica Quântica e Espiritismo, de Amit Goswami.
E não esqueçam... para aprender precisamos estar criativos e para estarmos criativos não podemos discriminar.

Sérgio Neves disse...

Sugiro que este capítulo seja lido tomando como exemplo prático a experiência da dupla fenda, e a presença ou não do observador

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