Capitulo 11 - O Intelecto e a Realidade. O Símbolo vs. o Real.

O que é real? Esta é a pergunta mais difícil de responder em todo nosso Cosmos.

Ou podemos ainda ampliá-la mais: Existe alguma realidade?

Até onde chega a ilusão de nossos sentidos? Não sabemos ao certo.

Mas, mesmo se soubéssemos pouco nos serviria, pois existe um outro véu que encobre o nosso perfeito contato com a realidade:

- Nosso intelecto trabalha com símbolos. Nós não raciocinamos em cima da realidade, mesmo se soubéssemos onde ela está. Nós raciocinamos somente através de símbolos da realidade.

Quando vemos uma nuvem, por exemplo, nosso intelecto capta a imagem da nuvem e a compara com o símbolo intelectual de “nuvem” e correlaciona ao outro símbolo que é a palavra “nuvem” (ouvida, sonora, não escrita) e depois procura a grafia da escrita “nuvem” que é composta dos símbolos n, u, v, e, m. Isto se a pessoa é alfabetizada. Se for um analfabeto, paramos no símbolo sonoro e intelectual “nuvem”.

Agora imagine um habitante primitivo da terra que ainda não possui a linguagem, a fala. Ele vai apenas conscientizar “nuvem”, sem ouvir som algum, nem palavra alguma. Mas ele está vendo a nuvem e sabe distinguí-la das outras coisas que vê. Ele sente a nuvem em seus olhos e em seu cérebro.

Pergunto: Qual dos 3 homens descritos acima (o alfabetizado, o analfabeto e o primitivo), consegue captar mais a realidade da nuvem? Qual chega mais perto da realidade da nuvem?

É obvio que seja o primitivo. Ele usa os seus sentidos mais diretamente, sem símbolos.

Ao passo que o alfabetizado, quanto maior for o seu grau de instrução e intelectualidade, menor será o seu contato com a realidade da nuvem. Ele usará símbolos sobre símbolos para definir aquilo que está vendo.

Na verdade, ele está tão distante da realidade da nuvem que podemos dizer que ele não está vendo a nuvem! Ela está completamente encoberta pelos símbolos que ele utiliza.

Em nossa vida moderna, muito raramente sentimos ou vemos algo diretamente, sem usar símbolos. É justamente por isto que não conseguimos muito contato com as forças da natureza, não conseguimos usar nossos poderes divinos e místicos. Cobrimos tudo com o véu dos símbolos.

O mesmo se dá com as emoções, os sentimentos, mas em menor grau.

Às vezes conseguimos sentir a alegria verdadeira (sem símbolos), o amor verdadeiro, ou até a raiva verdadeira. Sim, muitas vezes sentimos alegrias falsas ou forjadas, amor distorcido e raiva forçada!

Certamente você já sentiu uma sensação de plenitude quando penetra diretamente na realidade de algo ou de algum sentimento. A diferença é enorme, comparada com a sensação vazia de um símbolo que te remete para a realidade indiretamente.

São camadas que foram se construindo em nosso cérebro quando nos intelectualizamos, criando símbolos para dar significado e substituir as sensações que a visão das coisas reais causava no nosso passado primitivo. Camadas sobre camadas, como se nosso cérebro fosse uma cebola!

E, se não bastasse, aí entram as interpretações dos símbolos, distorções de nosso intelecto, mitos criados pela nossa história de vida, acidentes intelectuais pelos quais passamos. São mais camadas sobre camadas.

A realidade foi ficando cada vez mais distante de nosso intelecto. Vivemos num mar de símbolos e suas interpretações, correlações, distorções.

Vale agora repetir Meister Eckhart - Místico Cristão:

“O Homem tem muitas peles em si mesmo, que lhe cobrem as profundezas do coração. O homem conhece tantas coisas, mas não conhece a si mesmo. Ora, trinta ou quarenta peles ou couros, inteiramente semelhantes aos de um boi ou de um urso, igualmente grossos e duros, recobrem a alma. Penetre no seu próprio fundamento e aprenda ali a conhecer-se”.

Como vimos nos capítulos anteriores, podemos influir na realidade através de nosso intelecto, do colapso da função de onda, da sincronicidade de Jung, das sinapses, dos peptídeos. Tudo comandado pelo nosso pensamento e nossas emoções.

Só que há um problema gravíssimo: Não enxergamos mais a realidade. Somos motoristas cegos! Os símbolos nos cegaram !

Temos o comando da máquina, mas não temos a visão para conduzi-la bem !

Porisso vivemos batendo cabeças por todo lado.

O que fazer?

Só há uma saída possível. Esvaziar o intelecto. Destruir o arcabouço dos símbolos intelectuais. Eliminar a razão. Não confiar na lógica.

A Razão e a Lógica: Ambas têm sua base nos símbolos, necessitam avidamente dos símbolos. Elimine os símbolos e a razão se perde, a lógica fica sem sentido.

Retirados todos estes véus, a nossa visão retornará através do contato direto com a realidade intrínseca das coisas. Jung explica muito bem como fazer isto através do processo de “abaissement” do cérebro, conforme explicamos no capitulo sobre sincronicidade.

“Abaissement” em francês quer dizer rebaixar, acalmar. Ou seja, desligar a parte frenética do cérebro que fica o tempo todo tentando inutilmente equacionar este mundo caótico através da lógica.

Agora podemos entender melhor o que dizia Chuang Tzu na frase que abre este livro:

O propósito da rede é pegar o peixe, quando o peixe é pego, a rede é esquecida.

O propósito da armadilha de coelhos é pegar o coelho. Quando o coelho é pego a armadilha é esquecida.

O propósito da palavra é transmitir idéias. Quando a idéia é compreendida, as palavras são esquecidas.

Onde posso encontrar um homem que tenha esquecido as palavras ?

Ele é o homem com quem eu gostaria de conversar.

Chuang Tzu – Sábio Chinês

Explicando Chuang Tzu: O propósito do símbolo é remeter-nos a uma idéia da realidade da coisa simbolizada. Uma vez compreendida esta realidade, o símbolo deve ser esquecido.

Ele diz que gostaria de conversar com o homem que esqueceu as palavras. Como seria esta conversa?

Puramente telepática e mímica, expressionista ! É a conversa dos místicos com Deus! É a comunicação plena com a natureza do interlocutor.

Na prática, quando queremos muito uma coisa, esta coisa não acontece, pois estamos nos concentrando em seu símbolo e não em sua realidade. Basta pararmos de pensar nesta coisa que ela acontece, pois demos chance ao nosso cérebro de ir buscar a realidade desejada e estabelecer a comunicação cósmica através da sincronicidade. Tente exercitar isso. A eficácia é impressionante!

Agora vem o pior: O reverso da moeda.

Ao pronunciar uma palavra, você esta acionando o seu cérebro para ele se conectar com a realidade deste símbolo. Se for algo ruim, um pensamento ruim, um desanimo em relação ao possível insucesso de algo, isto pode se tornar realidade e te prejudicar enormemente. Tenha muito cuidado em não pronunciar nem ter pensamentos ruins constantes, pois eles certamente te remeterão à realidade destas coisas ruins e se transformarão em desgraças na sua vida.

Você deve estar meio confuso, pois o que acabo de dizer parece contradizer o exposto anteriormente, de que precisamos parar de pensar em algo para que este algo se concretize.

No dizer popular: “O diabo esta nos detalhes”

Ao pensar que algo ruim pode acontecer você não só pronuncia a palavra ruim, mas também remete seu cérebro para a realidade mais pura desta coisa ruim, pois o medo se encarrega de fazer o abaissement do seu cérebro nessa hora: ele desliga seu pensamento lógico.

Daí o sábio conselho de todos os mestres Zen Budistas e Budistas:

Seja alegre, pense sempre com otimismo, afaste os maus pensamentos e o desanimo. Nunca sinta vingança, perdoe. A alegria e o bom humor são as bases do estudo do budismo. É preciso viver com otimismo, com devoção positiva.

ALEGRIA !!!

AMOR !!!

AS DUAS UNICAS SUPERPODEROSAS FORÇAS DO COSMOS !!!

Um comentário:

Anônimo disse...

Muito isso Tudor isso ...queria ter conhecido seu blog antes da redacao do vestibular da ufsm...foi este o ano, e claro, eu nao o domino.

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